O que há de mais perverso na violência é que, por vezes faz-se com que a vítima se torne responsável por sua própria desdita. Isto se observa sobremaneira no caso da mulher, que "provoca o estuprador com suas roupas", ou "irrita o marido com sua lamúrias", levando-os a perda do controle.
E isto é vitimizar a vítima, e como é praticado...
Por outro lado, encarar a violência dói, pois é como encarar um grande abismo que nos atrai porque tem, no fundo, um espelho que devolve aquilo que nos é mais próprio - nossos monstros interiores.
O projeto 5760 visa enfatizar os números vergonhosos da violência contra a mulher no Brasil, sensibilizar a sociedade dando um novo enfoque ao problema, gerar debates e mobilizações, levar informação e cobrar melhores estruturas para acolher a mulher em risco.
terça-feira, 2 de outubro de 2012
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
6ª Primavera dos Museus - Resumo da fala de Ilze Korting
"Museu é uma ideia" - Renilton Roberto da Silva (museólogo, coordenador da mesa-redonda)
Fala de Ilze, relativa à violência contra à mulher e suas pesquisas para o Projeto 5760 - transcritas segundo a ótica de Tatiartes
"5760 é um número fantasia, foi escolhido a partir de uma estimativa de 2008, do possível número de mulheres que sofreria qualquer tipo de violência no Brasil no espaço de um dia.Naturalmente este número não correspondia à realidade nem nesta época, hoje menos ainda.
Num país como o nosso a realidade é bem pior, os númers, muito maiores.
Atuamente estima-se em 12 a quantidade de mulheres mortas de forma violenta no país, por dia. Morrem por serem mulheres, porque de alguma forma desagradaram a seus companheiros ou a alguém.
A violência contra a mulher é negada porque a mulher é negada.Porque não é vista como ser humano. Não é socorrida numa discussão com seu companheiro, porque "em briga de marido e mulher não se mete a colher".
As pesquisas que fiz para a nossa última performance introduziram um novo termo e uma nova dimensão à violência contra a mulher: femininicídio - morte do feminino. Assassínio de crianças, adolescentes,bebês do sexo feminino, mulhesres e idosas.
Santa Catarina tem, proporcionalmente a seu número de habitentes, um índice alarmente de violência à mulheres.
E muito poucas casas-abrigo. Temos 3. Eram 4, e foi fechada a de São José.
E a casa-abrigo pode representar a sobrevivência de uma mulher em situação de violência doméstica.
Quando se fala em violência contra a mulher há que falar também em todas as violências que a sociedade está cometendo contra as camadas da sociedade que deveria proteger.coisas e acontecimentos.
Temos de falar também da negligência de todos nós, que algumas vezes nos omitimos em relação a todas estas coisas, e permitimos que ocorram.
Silenciamos diante do que vemos, ou não vemos o que deveríamos. Desta forma, somos também culpados."
Ilze Korting
Fala de Ilze, relativa à violência contra à mulher e suas pesquisas para o Projeto 5760 - transcritas segundo a ótica de Tatiartes
"5760 é um número fantasia, foi escolhido a partir de uma estimativa de 2008, do possível número de mulheres que sofreria qualquer tipo de violência no Brasil no espaço de um dia.Naturalmente este número não correspondia à realidade nem nesta época, hoje menos ainda.
Num país como o nosso a realidade é bem pior, os númers, muito maiores.
Atuamente estima-se em 12 a quantidade de mulheres mortas de forma violenta no país, por dia. Morrem por serem mulheres, porque de alguma forma desagradaram a seus companheiros ou a alguém.
A violência contra a mulher é negada porque a mulher é negada.Porque não é vista como ser humano. Não é socorrida numa discussão com seu companheiro, porque "em briga de marido e mulher não se mete a colher".
As pesquisas que fiz para a nossa última performance introduziram um novo termo e uma nova dimensão à violência contra a mulher: femininicídio - morte do feminino. Assassínio de crianças, adolescentes,bebês do sexo feminino, mulhesres e idosas.
Santa Catarina tem, proporcionalmente a seu número de habitentes, um índice alarmente de violência à mulheres.
E muito poucas casas-abrigo. Temos 3. Eram 4, e foi fechada a de São José.
E a casa-abrigo pode representar a sobrevivência de uma mulher em situação de violência doméstica.
Quando se fala em violência contra a mulher há que falar também em todas as violências que a sociedade está cometendo contra as camadas da sociedade que deveria proteger.coisas e acontecimentos.
Temos de falar também da negligência de todos nós, que algumas vezes nos omitimos em relação a todas estas coisas, e permitimos que ocorram.
Silenciamos diante do que vemos, ou não vemos o que deveríamos. Desta forma, somos também culpados."
Ilze Korting
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
Amor doente
(foto: Gabriel Stella)
Pensei que era você, mas não
Você foi à ilusão que eu alimentei
Na esperança de amar na escuridão
Andei de mãos dadas
Acendi o cigarro, mas a fumaça cinza irritou os meus olhos
Tentei não ver, fugi de conclusões
Aceitei você do jeito que você é
Rompi com a minha resistência, quebrei padrões
Mas nada serviu pra você acreditar em quem eu sou.
Fugi algumas vezes
Na solidão senti saudade
Você implorou por perdão e voltei
Acreditei em você
Construí sonhos
Você os destruiu... L e n t a m e n te...
Em cada ato impensável
Em cada palavra maldita
Em todas as idas e vindas
E finalmente na agressão.
Que me fez triste,
Mas forte o bastante para ter dignidade para ir e nunca mais voltar.
Flôr Kepah
poetisa
poetisa
01/06/2010.
Dando voz ao poema, a própria:
https://www.youtube.com/watch?v=5R6aP1QGJSs&feature=player_embedded#at=145
ps.: nós da equipe 5760 agora temos mais uma colaboradora, semanalmente a poetisa Flôr Kepah irá trazer um de seus textos para nós. Obrigada, Flôr, por vir lutar junto de nós.
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
A dor - ainda - está no ar
Adriana, Aline, Ana Leda, Ana Lígia, Ana Paula, Andréia, Andreza, Ariana, Carla, Cátia, Claudia, Chaiane, Cristiane, Daiana, Daniele, Elaine, Eliete, Franciele A, Franciele S. M., Gerusa, Geovane, Hediciane, Ivone, Ivonete, Jaciara, Joana, Juciane Fátima, Lucia, Lucimeri, Lucineri, Maria dos Anjos, Maria de Fátima, Maria Edith, Maria Nilda, Maria Rosângela, menina Mariele, Marilda, Miriam, Mônica, Patrícia, Quênya, menina Renata, Rosana, Rosane, Rosângela, Rovânia, Rozeli, Sabrina, Sandra, Simone, Solene, Suzilene, Tatiana, Tatiane, Terezinha, Vanessa e Vera Lúcia.
As fotos são deles. Obrigada meninos!
O cortejo foi marcado por muita tristeza, cada participante sentia o peso de representar essas 57 mulheres, entre elas, 2 crianças. Éramos 14 mulheres em total silêncio carregando os andores com os balões que representavam as mulheres agredidas naquele dia. Eram 11 homens e 1 mulher com uma boneca, totalizando 12. O número de mulheres mortas diariamente por agressão. Sentíamos a presença delas em cada tambor que tocava. E se intensificava a cada vento forte. O peso de levar tantas mortes, e tantas vidas nas costas foi forte. A única voz do dia foi na chamada nominal das catarinenses. Nessa tarde tentamos dividir com a sociedade a nossa angústia. A dor daquela tarde ainda se sente, e não é menor. Não podemos mais esperar. Florianópolis precisa de uma casa abrigo!
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
"5760 - A dor está no ar"
Dia 17 de agosto, às 17h, no Centro de Florianópolis acontecerá a Performance
"5760 - A Dor Está no Ar".
Serão 12 andores com 480 balões, totalizando 5760 (o número de mulheres agredidas por dia no país), carregados por mulheres em um grande cortejo acompanhado pela Bateria Africatarina.
A reivindicação é a abertura de uma Casa Abrigo em Florianópolis para acolher mulheres em situação de violência doméstica.
O nome dos números
Em Santa Catarina, entre o ano 2011 e o início do mês de agosto de 2012, os nomes são esses*:
terça-feira, 7 de agosto de 2012
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