sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A dor - ainda - está no ar


           

             Dia 17 de agosto de 2012, estivemos em silêncio protestando em nome da,
         Adriana, Aline, Ana Leda, Ana Lígia, Ana Paula, Andréia, Andreza, Ariana, Carla, Cátia, Claudia, Chaiane, Cristiane, Daiana, Daniele, Elaine, Eliete, Franciele A,  Franciele S. M., Gerusa, Geovane, Hediciane, Ivone, Ivonete, Jaciara, Joana, Juciane Fátima, Lucia, Lucimeri, Lucineri, Maria dos Anjos, Maria de Fátima, Maria Edith, Maria Nilda, Maria Rosângela, menina Mariele, Marilda, Miriam, Mônica, Patrícia, Quênya, menina Renata, Rosana, Rosane, Rosângela, Rovânia, Rozeli, Sabrina, Sandra, Simone, Solene, Suzilene, Tatiana, Tatiane, Terezinha, Vanessa e Vera Lúcia.


              As 57 catarinenses mortas nesse último ano, ainda sem perspectivas da casa abrigo de Florianópolis. Nós da Equipe 5760 agradecemos aos que estiveram presente naquela tarde de agosto triste e nublada, com toda a dor que estava pairando, em corpo e em alma, aos que chegaram esse ano para dar força ao projeto, aos que foram assistir e homenagear essas mulheres conosco, e aos novos apoiadores (Gabriel Stella e Fernando Freitas, excelentes fotógrafos que apoiam e se comovem com o projeto).


As fotos são deles. Obrigada meninos!


            O cortejo foi marcado por muita tristeza, cada participante sentia o peso de representar essas 57 mulheres, entre elas, 2 crianças. Éramos 14 mulheres em total silêncio carregando os andores com os balões que representavam as mulheres agredidas naquele dia. Eram 11 homens e 1 mulher com uma boneca, totalizando 12. O número de mulheres mortas diariamente por agressão.  Sentíamos a presença delas em cada tambor que tocava. E se intensificava a cada vento forte. O peso de levar tantas mortes, e tantas vidas nas costas foi forte. A única voz do dia foi na chamada nominal das catarinenses. Nessa tarde tentamos dividir com a sociedade a nossa angústia. A dor daquela tarde ainda se sente, e não é menor. Não podemos mais esperar. Florianópolis precisa de uma casa abrigo!


         Amanhã serão mais 5760 mulheres apedrejadas, esquartejadas, violentadas, exploradas, baleadas, surradas, torturadas, mutiladas, coagidas, reguladas, censuradas, perseguidas, abandonadas, humilhadas. Até quando a barbaridade inaceitável vai vigorar?







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